terça-feira, 17 de março de 2009

Pais negociam das mensalidades as escolas

Fonte: Site do Jornal Nacional (Rede Globo)

Com o ano começando apertado, vários pais encontram dificuldades para pagar essa conta. Em São Paulo, por exemplo, o atraso, que havia diminuído no início do ano, voltou a subir em fevereiro.

Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou como a inflação foi puxada pelos gastos com educação. Nesta segunda-feira, a repórter Elaine Bast comprovou isso nas escolas. Tem aumentado o número de pais em busca de descontos.

Há três anos, Victor estuda em uma escola onde os gastos com energia elétrica, aluguel e salário dos professores subiram e foram repassados para a mensalidade, que ficou 6% mais cara este ano.

O problema é que a renda da família de Victor diminuiu. A mãe dele, Silvia, dona de uma lanchonete, conta que os fregueses sumiram.

“Demitiram muitas pessoas, alguns foram embora deixando fiado para trás. Então, isso acabou atrapalhando bastante”, ela conta.

A saída, segundo Silvia, foi negociar. Ela ofereceu um sítio da família para a escola fazer a festa de fim de ano. Em troca, ficou livre da rematrícula e conseguiu um desconto na mensalidade.

“Foi uma alternativa que a gente encontrou para estar dando uma ajudada na renda”, explica Silvia.

Entre janeiro e fevereiro, segundo o IBGE, o reajuste das escolas ficou em 5,75% em média no ensino fundamental ficaram os maiores aumentos.

Com o ano começando apertado, vários pais encontraram dificuldades para pagar. Em São Paulo, por exemplo, o atraso nas escolas, que havia diminuído no início do ano, voltou a subir em fevereiro.

A negociação é uma saída que pais e escolas têm encontrado para driblar a crise e manter os pagamentos em dia. Em um colégio, por exemplo, 60 famílias procuraram a diretora da escola no começo do ano para conversar sobre o reajuste das mensalidades.

Foi o caso do corretor Reinaldo Menezes, que tem um filho há cinco anos na escola. A queda na venda de imóveis fez a comissão do corretor despencar. “Eu consegui um desconto de 8%, uma situação que me ajudou muito”, conta Reinaldo.

“O resultado dessa negociação é um caminho onde o pai consiga pagar a mensalidade, porque nosso intuito não é ter pais inadimplentes, e onde a escola consiga se manter”, afirma Ana Paula de Oliveira, a diretora da escola.

O Sindicato das Escolas Particulares de São Paulo diz que é esse o caminho: negociar até a exaustão. “A gente tem aconselhado as escolas que conversem muito com as famílias. Quando você tem inadimplência, a primeira coisa é buscar a negociação. Você só parte para uma cobrança judicial no último caso”, declarou Benjamin Ribeiro da Silva, o presidente do sindicato.